Não me entenda mal: My Hero Academia começou como um sopro de ar fresco no gênero shōnen. Lançada em 2016, a adaptação do estúdio Bones cativou milhões com sua mistura de super-heróis à la Marvel e dramas pessoais profundos, centrados em Izuku Midoriya, o garoto sem poderes que herda o One For All e sonha em ser o próximo Symbol of Peace. Temporadas iniciais brilhavam com coreografias de luta inovadoras, desenvolvimento de personagens que humanizava até os vilões mais sádicos e um equilíbrio perfeito entre ação eletrizante e momentos de crescimento emocional. Bakugo como o rival explosivo, Todoroki com seu trauma familiar flamejante, Uraraka lutando contra o peso da gravidade – tudo isso elevava o anime a um patamar acima da média, competindo de igual para igual com pesos-pesados como One Piece e Attack on Titan.
Mas aí veio a sétima temporada, e o que deveria ser o clímax da saga – o início da Guerra Final – se transformou em um marasmo de flashbacks intermináveis e um ritmo que arrastava o espectador como se Deku estivesse usando o Blackwhip em câmera lenta. Eu não estou exagerando: a ação, que sempre foi o coração pulsante da série, foi reduzida a migalhas. Em vez de sequências de luta que nos deixassem grudados na tela, como as batalhas icônicas da temporada 3 no Torneio Esportivo, fomos bombardeados com recapitulações exaustivas do passado de personagens secundários. Shigaraki ganhou camadas, sim – seu arco de vilão traumatizado é um dos pontos altos do mangá –, mas no anime, isso se estendeu por episódios inteiros, diluindo a urgência da trama. O pacing arrastado não só testou a paciência dos fãs casuais, mas alienou até os mais devotos, que esperavam explosões de adrenalina em vez de aulas de história revisadas. Foi uma fraqueza gritante em termos de ação, transformando o que poderia ser um arco de guerra épico em uma novela reflexiva que ninguém pediu. Horikoshi, pelo mangá, merece crédito por tentar aprofundar temas como herança e redenção, mas a adaptação da Bones falhou em injetar o dinamismo necessário, deixando a temporada como um todo – apesar de alguns vislumbres de brilho, como o confronto inicial com os heróis – como a mais fraca da série até então.
Essa decepção não é isolada. Críticos e fóruns como Reddit e MyAnimeList ecoam o sentimento: avaliações médias caíram para 7.8/10, com queixas recorrentes sobre o "fillers disfarçados de backstory" e a falta de payoff imediato para arcos construídos ao longo de anos. Em um mangá que já concluía em agosto de 2024, a pressa para adaptar o final deveria ter acelerado o anime, não o contrário. A Bones, conhecida por pérolas como Fullmetal Alchemist: Brotherhood, parece ter tropeçado na própria ambição, priorizando fidelidade ao material original em detrimento do entretenimento puro. Resultado? Uma temporada que, em vez de incendiar as expectativas para o fim, as deixou esfriando como um quirk de gelo mal utilizado.
Agora, com a oitava temporada à porta, a pergunta que paira no ar é: isso é redenção ou epílogo anticlimático? O trailer oficial, revelado no AnimeJapan 2025, promete o que a anterior negou: batalhas climáticas em escala global, com Deku no auge de seu poder (incluindo o Gearshift, que deve ser animado de forma alucinante) e resoluções emocionais para o Epílogo Arc. A abertura "THE REVO", do Porno Graffitti, já sugere um tom de herança e revolução, enquanto o time criativo – com Kenji Nagasaki como chief director e Naomi Nakayama na direção – garante continuidade. Espera-se cerca de 11 episódios, encerrando em dezembro, cobrindo o resto da Guerra Final e o pós-batalha, onde heróis e vilões confrontam as cicatrizes de um mundo em ruínas.
Para os fãs, é um misto de euforia e melancolia. My Hero Academia não é só um anime; é um fenômeno que inspirou cosplays, debates éticos e até reflexões sobre saúde mental em meio a superpoderes. Mas se a sétima temporada nos ensinou algo, é que o hype não basta – precisamos de execução impecável. Horikoshi e a Bones têm uma chance de ouro para fechar com chave de ouro, transformando fraquezas passadas em lições aprendidas. Caso contrário, o legado de Deku pode acabar não como um Plus Ultra, mas como um mero "one for all... and done".
Fique ligado: o primeiro episódio chega em Crunchyroll no dia 4. Será que os heróis voltam a voar alto? Ou vamos nos contentar com um pouso forçado? O veredito, como sempre, fica para o público – mas, dessa vez, sem flashbacks para nos distrair.
